Arqueologia.

Durante a época de ocupação romana da Galiza, Cangas e a área do Morrazo pertencia ao convento Bracarense (com capital em Braga) e a população indígena que habitava estas terras entre o riu Lérez e a ria de Vigo estava incluída na tribo dos Helleni.

Estes indígenas viviam em povoados chamados castro que eram muralhas circulares ou elípticas feitas de pedras e terra em lugares altos, dentro tinha casas e constituem os povoados de época prerromana e romana..

Em Cangas destacam os castros de Ou Castelo em Darbo, Liboreiro em Coiro e Ou Facho em Hío.

Nestes castros encontrou-se cerâmica de época romana e aras romanas, dedicadas a deuses indígenas.

De todos eles merece especial atenção por ser único não só na Galiza, senão também na Península Ibéria "Ou Facho em Hío."

No alto do Monte Facho os arqueólogos José Suárez e Thomas Schattner descobriram o santuário de peregrinación mais antigo da Galiza. Mais de cem altares romanos dos séculos III e IV que plantados na cume do monte honravam uma enigmática deidad galaica telefonema Bero Breo. É o primeiro lugar sagrado deste tipo que se encontra na Península, com o que só existem paralelismos em outros pontos da costa atlántica européia.

De época romana está o telefonema villa Pipín e três piscinas achadas na praia de Pinténs que se dedicavam a salazón de pescado.

"Ou Facho" em Hío

O Monte do Facho acolheu ao longo de séculos diferentes expressões da vida na comarca. Desde o século X a.C. até o século VII a.C., existiu um povoado na ladera Este do que mal temos informação salvo a de seu excepcional tamanho. A partir do século VI a.C. surge o castro galaico, povoado fortificado que subsistirá até o século I a.C. Deste ainda podemos ver parte das muralhas, o fosso, as pedras que conformavam suas moradias e que hoje cobrem as laderas do monte, os lixeiros nas margens do povoado, ou a topografía actual do monte que deriva tanto da construção mesma do povoado como da configuração natural.

Posteriormente, um santuário levantado sobre a cimeira vai recolher as velhas crenças de quem tinham vivido no castro para dotá-las, ao longo dos séculos II ao IV d.C., de um novo carácter, agora marcado pelo processo de asimilación da cultura latina na região do Império Romano chamado Gallaecia. Finalmente no século XVIII constrói-se um posto de vigilância costera com fins militares, do qual pervive a garita.

Os altares votivos, ara em latín, são os achados mais significativos das excavaciones do Monte do Facho. Sua função era oferecer ao deus um pequeno monumento que recolhe em uma inscrição sua condição de exvoto, a divinidad à que vai dirigida e, em ocasiões, o nome do dedicante e/ou os motivos da oferenda. Os exemplos do Monte do Facho constatam a interpretação que fazem os galaicos dos modelos originais romanos. Ao lado de escassos exemplos clássicos, encontramos a reformulación no ambiente provincial galaico, com variações na morfología e enriquecimento ornamental até chegar depois nas últimas fases do santuário a umas formas muito afastadas dos modelos romanos. Um processo que expressa a criação de uma identidade estética e simbólica galaico-romana.

O santuário de Berobreo dispunha-se em uma área em pendente que circunda a cimeira do monte. Existem restos de colunas que indicam a existência de um edifício, mas até agora só conhecemos uma disposição a céu aberto de altares que, hincados na terra e em grande número, ocupavam boa parte dessa área. Uma acumulación que motivou a tendência dos monumentos a ser estreitos e altos, configurando o que à vista pareceria um "bosque de aras". Ao final da existência do santuário, o lugar abandona-se; ara-las irão caindo-se e amontonándose, às vezes fragmentadas, para permanecer assim até nossos dias.

(Fonte: Concello de Cangas)